Case de implementação de metodologia ágil para aumento da produtividade e qualidade

Este case resume algumas de minhas experiência em atender e analisar problemas enfrentados pelas empresas de tecnologia para o aumento da produtividade das equipes, bem como da qualidade dos projetos e produtos. 

Para fins didáticos, e também descaracterizar os clientes que atendi, usarei o nome fictício do cliente BigSoftware. 

São propostas alternativas de solução através dos valores e princípios ágeis.

Porém, antes vamos definir agilidade não como metodologia, mas como processos que priorizam os seguintes valores:

Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
Software em funcionamento mais que documentação abrangente
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
Responder a mudanças mais que seguir um plano

Mas voltando ao tema, e sabendo ser muito abrangente, são propostas algumas questões norteadoras, as quais serão abordadas a seguir.

Como a inserção de métodos ágeis pode trazer valor as empresas?

As metodologias ágeis priorizam a entrega contínua e adiantada de software com valor agregado (primeiro princípio do Manifesto Ágil) ao invés de entregas de valor espaçadas ou só no final do projeto como é comum em metodologias tradicionais de projeto (PMBOK, waterfall, etc.). Esta antecipação da entrega de valor permite a empresa cliente usufruir dos benefícios antecipadamente adiantando o ROI (retorno sobre o investimento). Outro ponto é que as mudanças rápidas de contexto e mercado do mundo contemporâneo instigam o usuário ou cliente a avaliar se a entrega adiantada de software ainda atende sua necessidade ou faz sentido, dada as mudanças, permitindo replanejar os requisitos das próximas entregas antes de seu desenvolvimento (o que é bem vindo de acordo com o segundo princípio do Manifesto Ágil), evitando desperdícios e, principalmente, aumentando o valor das mesmas.

Ou seja, a inserção de agilidade nas empresas não passa pelos métodos, mas pelos 12 princípios. São eles:

1. Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente, através da entrega adiantada e contínua de software de valor.
2. Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no fim do desenvolvimento. Processos ágeis se adequam a mudanças, para que o cliente possa tirar vantagens competitivas.
3. Entregar software funcionando com frequência, na escala de semanas até meses, com preferência aos períodos mais curtos.
4. Pessoas relacionadas à negócios e desenvolvedores devem trabalhar em conjunto e diariamente, durante todo o curso do projeto.
5. Construir projetos ao redor de indivíduos motivados. Dando a eles o ambiente e suporte necessário, e confiar que farão seu trabalho.
6. O Método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para, e por dentro de um time de desenvolvimento, é através de uma conversa cara a cara.
7. Software funcional é a medida primária de progresso.
8. Processos ágeis promovem um ambiente sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários, devem ser capazes de manter indefinidamente, passos constantes.
9. Contínua atenção à excelência técnica e bom design, aumenta a agilidade.
10. Simplicidade: a arte de maximizar a quantidade de trabalho que não precisou ser feito.
11. As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de times auto-organizáveis.
12. Em intervalos regulares, o time reflete em como ficar mais efetivo, então, se ajustam e otimizam seu comportamento de acordo.

Como a utilização de métodos ágeis contribui para o aumento da produtividade e qualidade?

Métodos ágeis ocorrem através de equipes enxutas, multifuncionais e auto gerenciáveis. Isso ocorre porque pessoas de negócio e desenvolvedores trabalham diariamente juntas, priorizando a comunicação face a face, motivadas e com todo suporte, ambiente, autonomia e confiança necessários (quarto, quinto e sexto princípios do Manifesto Ágil). Isso proporciona um grande aumento de eficiência que é medido através de entregas frequentes de software funcionando como medida primária de progresso (terceiro e sétimos princípios do Manifesto Ágil). Ou seja, mais produtividade e eficiência.

Sobre a qualidade, ela é aumentada pelo o foco na excelência técnica e bom desing, melhores arquiteturas e retrospectivas constantes sobre o próprio formato de trabalho e resultados obtidos (nono e décimo segundo princípios do Manifesto Ágil).

Já foi dito, mas vale repetir que:

A inserção de agilidade nas empresas não passa pelos métodos, mas pelos 12 princípios.

Tipos de métodos ágeis para a BigSoftware atingir seu objetivo

A BigSoftware, a exemplo de muitas empresas, não utiliza de forma realmente consistente qualquer framework ou metodologia de gestão de projetos (apesar de não perceberem isto), mas já possui um fluxo puxado, pois o produto é incrementado a medida que solicitações de clientes são feitas ou quando é necessário a realização de ajustes (o que também é muito comum). Este tipo de fluxo puxado remete a metodologia Kanban, a qual também propõe uma abordagem simples e eficiente de iniciar a implementação de metodologias ágeis, através de pequenos e contínuos incrementos de mudanças de processo, que é o STATIK. A proposta aqui é, após treinamentos sobre o tema, identificar e implementar melhorias de processo através do STATIK, mapear o fluxo de trabalho, representá-lo de forma visual permitindo total transparência do que ocorre, com foco na inspeção e adaptação contínua do fluxo até identificar o melhor formato de trabalho, sendo flexível e sem se apegar a uma metodologia específica devido à resistências internas (tão comuns que são quase uma regra). Uma vez que estes avanços entrem para a cultura e virem o “novo normal” da empresa, evoluiria para seguir um modelo de metodologia ágil mais prescritivo, como Scrum ou Kanban e se, mas somente se, estabilizar este formato, evoluir para tendências mais atuais de DevOps, Squads & Tribes, Agile Scaling, etc. Desta forma teríamos um processo de desenvolvimento mais adaptável, transparente e de qualidade, dando a segurança desejada para que a BigSoftware atinja seus objetivos de expansão da produtividade e qualidade!

REFERÊNCIAS

BECK, KENT, Princípios por trás do Manifesto Ágil, 2001. Disponível em <https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/principles.html>. Acesso em 11 de dezembro de 2021.

MACHADO, Valmor. O que é PMBOK para gestão de projetos guiados, 2020. Disponível em <https://www.voitto.com.br/blog/artigo/pmbok>. Acesso em 11 de dezembro de 2021.

BATAGINI, Raphael. O que é Statik e como aplicá-lo. Disponível em <https://medium.com/@raphaelbatagini/o-que-%C3%A9-statik-e-como-aplic%C3%A1-lo-ba78173faa99>. Acesso em 11 de dezembro de 2021.

REHKOPF, MAX. Kanban vs. Scrum: que tipo de ágil é você? Disponível em <https://www.atlassian.com/br/agile/kanban/kanban-vs-scrum>. Acesso em: 30 maio de 2022.